Tanto os portadores de hipercolesterolemia familiar (HF) quanto os não portadores de HF, mas que têm altos níveis sanguíneos de colesterol LDL, podem se beneficiar de algumas mudanças de hábitos de vida, cujos resultados irão se somar aos das medicações prescritas pelos seus médicos.
A Mayo Clinic dos Estados Unidos recomenda as seguintes mudanças de hábitos:
1. Coma alimentos saudáveis
- Escolha gorduras saudáveis. As gorduras saturadas, encontradas principalmente em carne vermelha e em laticínios elevam o seu colesterol total e o colesterol LDL (mau colesterol). Como regra geral, você deve obter menos de 7% das suas calorias diárias provenientes de gorduras saturadas. Opte por cortes de carne magra, por laticínios com baixo teor de gordura e por gorduras monossaturadas, encontradas em óleo de oliva e de canola.
- Elimine as gorduras trans. Elas afetam os níveis de colesterol aumentando o colesterol LDL e baixando os níveis do colesterol HDL (bom colesterol). Estes resultados combinados aumentam o risco de doenças cardiovasculares, como angina do peito (doença das artérias coronárias) e infarto do miocárdio. As gorduras trans podem ser encontradas em frituras e em muitos produtos comerciais, como biscoitos, bolachas e bolos. Mas, não acredite piamente nos rótulos de embalagens que anunciam “sem gordura trans”. Mesmo pequenas quantidades de gorduras trans podem se acumular se você comer alimentos que tenham pequenas quantidades delas. Evite alimentos com óleos parcialmente hidrogenados.
- Coma alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3. Esses ácidos graxos não afetam o colesterol LDL. Eles têm outros benefícios para o coração, ajudando a aumentar os níveis sanguíneos do colesterol HDL, diminuindo os níveis de triglicerídeos e reduzindo a sua pressão arterial. Alguns peixes como salmão, cavala, arenque, truta e sardinha são ricos em ácidos graxos ômega-3. Também são bons alguns frutos do mar, como moluscos, ostras, mexilhões e vieiras. Outras boas fontes de ácidos graxos ômega-3 são nozes, amêndoas e sementes de linhaça.
- Aumente as fibras solúveis. Há dois tipos de fibras, as solúveis e as insolúveis. Ambos são benéficos para a saúde do coração, mas as fibras solúveis também ajudam a abaixar os níveis sanguíneos do colesterol LDL. Você pode acrescentar fibras solúveis à sua dieta comendo aveia e farelo de aveia, frutas, feijões, lentilha e legumes.
- Acrescente a proteína do soro do leite (whey protein). Há duas proteínas contidas em laticínios; a outra é a caseína. A proteína do soro pode ser responsável pelos benefícios à saúde atribuídos aos laticínios. Estudos mostraram que a proteína do soro ingerida como suplemento reduz os níveis de colesterol total e de colesterol LDL. Você pode encontrar a proteína do soro nas lojas de produtos saudáveis e em alguns supermercados. Siga as instruções do rótulo para saber como usa-la.
2. Faça exercícios físicos na maioria dos dias da semana para aumentar a sua atividade física
Os exercícios físicos melhoram os seus níveis de colesterol. Uma atividade física moderada pode ajudar a aumentar o nível do colesterol HDL. A atividade física deverá ser adequada à sua idade e ao seu condicionamento físico. Faça atividade física sempre sob a supervisão do seu médico. Faça pelo menos 30 minutos de atividade física por dia.
A Atividade física pode também ajudar a diminuir o seu peso. Apenas mantenha as mudanças que você resolveu adotar. Considere as seguintes possibilidades:
- Faça uma caminhada rápida durante o horário de almoço
- Vá de bicicleta para o trabalho
- Natação
- Pratique o seu esporte favorito
Para se manter motivado, encontre um companheiro para praticar exercício, ou junte-se a um grupo. Lembre-se que qualquer atividade ajuda. Mesmo subir escadas ao invés de tomar o elevador, ou fazer algumas flexões abdominais ao assistir televisão.
3. Não fume
Se você for fumante, pare de fumar. Isto pode melhorar os seus níveis de colesterol LDL. Outros benefícios são: 20 minutos depois, a sua pressão arterial e a sua frequência cardíaca (FC) diminuem; depois de um ano, o seu risco de ter uma doença cardíaca é a metade do de um fumante; depois de 15 anos, o seu risco de doença cardíaca é semelhante ao de uma pessoa que nunca fumou.
4. Emagreça
Perder entre 5 e 10% do seu peso pode melhorar os níveis de colesterol. Uma dieta adequada e atividade física ajudam a perder peso. Avalie os seus hábitos alimentares e a sua rotina diária. Se tiver dificuldade para perder peso consulte um médico endocrinologista e/ou uma nutricionista.
5. Beba bebidas alcoólicas com moderação
O uso moderado de álcool tem sido ligado a altos níveis de colesterol HDL. Se você tem o hábito de tomar bebidas alcoólicas, faça-o com moderação. Para adultos saudáveis, isto significa até um drink por dia para mulheres de todas as idades, e para homens de até 65 anos de idade, e até dois drinks por dia para homens com idade igual ou maior que 65 anos.
O excesso de álcool pode levar a sérios problemas de saúde, inclusive pressão arterial elevada, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e cirrose hepática, entre outros.
Se as mudanças dos hábitos de vida não forem suficientes...
Continue adotando as mudanças feitas e não fique desapontado se não verificar resultados imediatos. Se houver necessidade, como é o caso dos portadores de HF, o seu médico irá prescrever medicamentos para reduzir os seus níveis de colesterol LDL.
Níveis de colesterol LDL de 81 mg/dl
Pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) estudou quase 9.000 pacientes europeus. Todos eles sofreram infartos anteriores do miocárdio. Este ensaio mostrou que aqueles que reduziram os níveis de colesterol LDL a uma média de 81 mg/dl com altas doses de estatinas, diminuíram significativamente o seu risco de grandes eventos coronários, como infarto do miocárdio, e de acidente vascular cerebral, aos 4,8 anos de seguimento, em comparação com os pacientes que reduziram os seus níveis a 104 mg/dl com a dose usual de estatinas.
Níveis mais baixos de colesterol LDL são melhores
Num editorial do JAMA, que acompanhou esse estudo, o Dr. Christopher P. Cannon, do Brigham and Women’s Hospital e da Harvard Medical School escreveu que a redução agressiva do colesterol LDL é o ideal, “quanto mais baixo, melhor”.
Os achados deste estudo publicado no JAMA, fizeram eco com os de outro grande estudo com 4.162 pacientes, publicado no New England Journal of Medicine. Este estudo concluiu que os níveis de colesterol LDL de 62 mg/dl eram ainda melhores que os de 95 mg/dl, na prevenção de infarto do miocárdio e de outros problemas cardiovasculares, em portadores de doenças cardíacas prévias.
Efeitos colaterais da medicação
Em ambos os estudos, as mega doses de estatinas (o dobro ou o triplo das doses habituais) baixaram consideravelmente os níveis do colesterol LDL. Mas, em ambos os estudos estas altas doses também causaram efeitos colaterais, como mialgia, perda de memória e elevação dos níveis de enzimas hepáticas. Em virtude disto, alguns pacientes abandonaram a medicação, numa taxa equivalente ao dobro dos que receberam as doses habituais.
Investigadores da University of Wisconsin Hospital e de Clinicas em Madison reportaram que a miopatia ocorre em 2 a 11% dos pacientes tratados e, embora a dor muscular ceda após a estatina ser descontinuada, isto pode levar vários meses. Os investigadores também verificaram que os efeitos colaterais das estatinas aumentam com o aumento das doses.
Como já vimos em outros artigos, felizmente outros medicamentos eficazes como os inibidores PSCK9 estão aprovados para uso nos portadores de HF.
Finalmente, principalmente nos anos da terceira idade, uma dita adequada, uma vida fisicamente ativa, alívio do estresse e apoio familiar e de amigos parecem ser características importantes dos países do mundo que têm o maior número de anciãos e cuja expectativa de vida é maior.
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A Hipercolesterolemia Familiar é uma doença genética que causa níveis muito aumentados de LDL colesterol no sangue de seus portadores. Por causa disso, estas pessoas estão sob um risco muito aumentado de infarto do coração. Se você tiver colesterol LDL acima de 210 mg/dl e membros em sua família com infarto em idade inferior a 45 anos, entre em contato com o InCor pelo e-mail hipercolbrasil@incor.usp.br enviando como anexo uma cópia ou foto do seu exame de colesterol junto com um número de contato telefônico. A Equipe do Hipercol Brasil entrará em contato com você!
Continue visitando o nosso site para aprender mais sobre a HF. Leve esta notícia ao seu médico. Espalhe que a HF é tratável, quanto mais cedo diagnosticado melhores são os resultados. A HF é familiar, passa de geração em geração, portanto todos precisam ser diagnosticados.
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